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domingo, 28 de novembro de 2010

4. Surpresas

Assim que eu passei pela porta, a menina nova veio em minha direção.
Mais essa agora!
— Oi, eu sou a Gabriella, tudo bem? – ela se apresentou. – Não tivemos a chance de nos apresentar ontem.
— Oi, eu sou a Katherine, mas pode me chamar de Kathe. Prazer.
Na verdade não era prazer nenhum, mas...
— Hum... Acho que nós vamos ser grandes amigas Kathe. – Gabriella diz.
 — Claro. É melhor eu ir me sentar, antes que o professor chegue. – eu dei uma desculpa. – Com licença. E boa sorte.
— Obrigada. – ela sorri.
Não retribuo o sorriso.
Agora sim, meu dia ficara péssimo.
Não consegui prestar atenção em nada. Tudo o que queria era chegar em casa e entrar no computador.
Desabafar tudo com Coraline e Eduarda, e até talvez com a Manu, se ela estivesse online.
Manu também era uma ótima amigas, aliás, todas as minhas irmãs eram ótimas amigas. Eu podia conversar e desabafar tudo com elas.
Mal percebo que bate o sinal do lanche.
Pelo menos uma coisa me ia distrair.
Como sempre tomei lanche com Manu, Duda e Giovanna. Mônica provavelmente ia se juntar a nós daqui a poucos minutos.
Ficamos conversando animadas... Até que Gabriella chegou e pediu para ficar conosco. Pronto! O meu dia estava acabado.
Duda reparou que ela tinha uma pulseira no braço e pediu para ver. Era uma pulseira muito bonita, mas não foi isso no que eu reparei.
Em seu braço ela tinha uma marca muito estranha... Na realidade era uma mancha preta.
Parecia que eu já havia visto essa mancha... Só não sabia aonde.
— Que mancha é esta? – eu perguntei.
— Não é nada. – ela responde escondendo a mancha com a blusa. Gabriella parecia meio afetada.
Devia ser coisa da minha cabeça.
O sinal me distrai. Hora de voltar à tortura... Agora seria a tortura literária, como dizíamos Manuella e eu.
De novo não me prendi a aula... Minha mente voou para o Léo.
Meus olhos procuraram por ele.
 Meu rosto ficou corado quando nossos olhares se cruzaram e, rapidamente desviei o olhar para meu livro aberto em cima da mesa.
O sinal batendo me assustou.
Próxima aula: Artes... Eu esperava que a professora desse alguma atividade para fazermos, em vez de ela ficar falando.
Ótimo! Meu desejo foi realizado... Íamos desenhar e podíamos ficar em grupo.
Sentamos Duda, Manu, Gigi e eu.
Manu falou para chamarmos o Léo e Gi o chamou.
Ele aceitou de bom grado sentar-se conosco.
Manu sorriu para mim e eu a assassinei pelos olhos.
— Giovanna, troca de lugar com a Katherine. – falou Manuella sorrindo.
— Para! – eu disse e Gi sorriu.
Ficamos rindo das piadas e das “brisas” que tínhamos.
O restante do dia escolar passou incrivelmente rápido. Em um instante eu estava de volta à minha casa, na frente do computador, falando com as minhas bests.
Coraline estava tentando me assustar... Ela dissera que ouvira passos no sótão e que iria ver. Mas eu não iria cair de novo... Ela já fizera isso comigo antes... E conseguira me assustar. Não... Desta vez eu não cairia.
Ela me contara que entrara no sótão e algo gelado agarrou seu pescoço, fazendo ela desmaiar e acordar no corredor.
Mas eu não podia saber que desta vez o perigo era real.
***
Coraline provavelmente ia demorar para me responder... Tentando me assustar, então eu iria tomar um banho.
***
Eu sai – sem qualquer vontade – da água quente de meu banho.
Eu não tinha percebido que estava começando a esfriar.
Enrolei a toalha branca envolta de mim e sai de dentro do boxe.
Assim que saio, a luz começa a piscar... Que estranho.
Abro a porta do banheiro para pedir que meu avô visse o que havia de errado na porcaria da luz.
Mais estranho ainda... Não havia ninguém em casa.
Ai, como eu era uma jumenta! Tinha esquecido que meus avós iam sair hoje.
Sozinha! Ótimo. Minha imaginação fértil ia trabalhar... Para me assustar.
Vejo uma sombra passando por mim assim que começo a retornar para o banheiro... Ela ia pra a cozinha, que também estava escura.
Vou até lá, incapaz de controlar meus pensamentos.
Eu deixava um rastro molhado ao passar.
Quando entrei na cozinha, não vi mais nada, pois algo me agarrou por trás e fez ponto de pressão em minha jugular, me fazendo desmaiar.
Mais surpresas neste dia do que isto, seriam improváveis. Ou talvez não.

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