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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Estranho

Mesmo conhecendo ele pouco, já confiava o suficiente e sabia que ele não iria me machucar, então lembrei sobre o que ele tinha falado de sua dieta enquanto acariciava sua enorme cabeça e ia até as enormes patas negras.
-Você disse que não comia comida humana, o que você come? – Ele olhou para mim e enterrou sua cabeça nas grandes patas, não entendi porque a tristeza, nós estávamos indo tão bem. - Eu falei algo errado? – Ele se transformou novamente em humano e pegou minha mão.
-Você não ia gostar da resposta. – Ele olhou para mim e me abraçou. – Eu prometo que nunca farei isso com você, mesmo morrendo de fome, tudo bem? – Não conseguia entender, foi ai que entendi o que ele estava se referindo, ele se alimentava de carne humana. Fiquei nervosa, essa tinha me pegado de surpresa. Ele olhou para mim novamente e suspirou.
-Me acha um monstro, não é?
-Claro que não, só me pegou de surpresa. - Ele encostou sua testa na minha.
-Eu prometo, te juro, nunca vou machucar você, meu amor por você é maior que tudo. – Ele mantinha seus olhos fechados. – Confia em mim?
-Claro que sim.
-Eu passei muito tempo procurando uma garota como você, mas finalmente encontrei. – Seu hálito me deixava tonta e me fazia corar, ele se divertia com isso, comecei a bocejar.
-Tá na hora de alguém ir para a cama. – Ele olhou para mim e nossos lábios se encontraram delicadamente, eu sorri, pois ninguém no mundo estava mais feliz que eu naquele momento. Ele me pegou no colo e enterrei minha cabeça no seu pescoço, seu cheiro era tão bom que adormeci antes de chegarmos em casa.
Acordei cedo para poder aproveitar mais o domingo, embora segunda-feira fosse feriado, mas eu não podia desperdiçar nenhum segundo que tinha com Drake. Levantei meio dolorida, olhei para minha cama e ele estava lá em forma de gato enrolado no meu travesseiro, ele dormia tão leve e calmo, não quis acordá-lo, aproveitei e entrei no banho. Quando voltei ele já estava na sua forma humana sentado na minha cama de olhos fechados, me aproximei e ele abriu seus incríveis olhos azuis e me viu com a toalha enrolada no meu corpo e percebeu, fechou os olhos novamente e gargalhou baixo. Sorri, não existia alguém tão incrível quanto ele.
-Não abra os olhos em!
-Seu pedido é uma ordem. – Me troquei e sentei no seu colo enquanto escovava os cabelos. Ele olhou para mim, e ficou paralisado, estava em foco com alguma coisa no meu pescoço, a ponta de sua língua passou em uma de suas pressas e entendi o recado.
-Você está com fome, não está? – Ele balançou a cabeça saindo do transe, e fechou os olhos com o ódio e a tristeza estampados na sua cara.
-Eu me odeio tanto por ser esse mostro. – Olhei para ele e por um momento me senti culpada.
-Você foi criado?
-Não, meu pai me teve com minha mãe, os dois eram transformista o que me torna cem por cento um também. – Ele continuava de olhos fechados.
-Seu pai morreu? – Ele tinha esquecido a raiva e me olhava com um sorriso de orelha a orelha.
-Nós transformistas somos imortais e indestrutíveis, para os humanos, mas para outros da nossa espécie, é fácil ser frágil.
- O que aconteceu com seus pais? – estava curiosa... Mas essa era a pergunta errada, sua face angelical se tornou sombria e seus olhos se fecharam novamente.
- Eles foram mortos por seus rivais, fui o único que sobreviveu... Eu consegui fugir transformando-me em um puma. Foi minha primeira transformação. – ele deu um sorriso tristonho e abriu os olhos novamente.
- O meu pai também morreu quando eu tinha cinco anos. – meus olhos se encheram de lágrimas, embora eu não me lembrasse muito bem dele. – Foi em um assalto.
As lágrimas transbordaram e ele as enxugou com os lábios.
Olhamos um para o outro – as lágrimas agora esquecidas – e me perdi dentro do azul de seus olhos.
Eu me inclinei devagar e nos beijamos delicadamente.
- Kate... O café vai esfriar. – gritou minha mãe senhorita-preocupada-e-superprotetora, nos fazendo pular.
- Já vou! – gritei de volta e suspirei. Dei um último beijo em Drake e sussurrei:
-Volto já!
- Vou ficar esperando. – sussurrou ele de volta em meu ouvido, seu hálito me fez cócegas.
Corri para a cozinha antes que minha mãe me deixasse neurótica, eu não queria ficar igual a uma menina chamada Carol de minha turma.
Desta vez tinha panquecas no café da manhã. Meu prato predileto para desjejuar.
- Estão boas! – eu falei para ela, e ela sorriu.
- Obrigada!
Mamãe parecia ter ganhado o dia com aquelas palavras e me alegrei também, pois a felicidade dela era contagiante.
Devaneei enquanto tomava meu café.
Meus pensamentos me levaram de encontro a aquele estranho em meu quarto. O que eu sabia dele? Não muita coisa... Mas, sabia que aquele estranho estaria no meu coração para sempre.
Pelo menos era o que eu esperava... Para sempre!

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