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sábado, 29 de janeiro de 2011

1. Primeiro Dia... O começo de Tudo!!!

 Levantei-me da cama aconchegante.
Hoje era o primeiro dia de aulas em minha escola. Claro que eu estava nervosa, afinal não era a mesma escola que eu estudava há tanto tempo.
Meus pais haviam me tirado de minha escola particular e me puseram em um internato! Fala sério... Eu ficara frustrada, parei até de falar com eles, mas nada adiantou, então eu me encontrava agora na escola dos sonhos deles, um INTERNATO.
Mamãe me disse que o motivo real para eu ir para uma escola que mantinha seus alunos presos 24hs, era porque eu teria que aprender a ter disciplina e ser uma daquelas garotas perfeitas. Aparentemente eu só me transformaria nessa garota se fosse estudar lá.
Enfim, depois de algum tempo eu me acostumei com a ideia e aceitei vir para cá até com alguma animação.
Claro que se despedir de meus amigos que eu conhecia desde que me entendia por gente não fora fácil. Muitas lágrimas foram derramadas. Principalmente quando chegou a hora de me despedir de Carina, minha melhor amiga e de Bryan meu namorado.
Combinamos que não íamos ficar sem nos falar por muito tempo.
E assim tem sido desde que vim para cá dois dias atrás para me acostumar e customizar meu cubículo denominado quarto.
O sol já entrava pela minha cortina vermelha rendada e clareava meu quarto.
A parede da cabeceira da cama antes branca agora estava pintada de vermelho, apenas uma parede como a do meu quarto em Seattle. Outra estava com meu mural de fotos totalmente preenchido.
Meu quarto podia ser pequeno, mas estava organizado como eu sempre gostara.
O closet era bem razoável e nele cabiam todas as minhas roupas e todos os meus sapatos – que não eram poucos.
Depois de escovar meus dentes e tomar um breve banho de água quente, fui me trocar.
O uniforme não tããããão ruim assim, afinal só era obrigado a se usar uma camiseta com um tigre bordado, que era o emblema do colégio. Eu tinha essas camisetas de várias cores e com diferentes tipos de mangas.
Escolhi a vermelha de manga curta, uma saia rendada negra, uma sapatilha de bailarina na cor negra também e uma tiara de laçinho.
Eu me olhei no espelho e me agradei com a imagem nele refletida.
Meu cabelo negro e comprido contrastava com o branco de minha pele e meus olhos azuis estavam com uma expressão nunca antes sentida por mim e, esta eu não conseguia identificar. Como o disse antes... O uniforme não era tão ruim. Só o tigre que estava em meu peito me lembrava que isso era um uniforme.
Nunca gostei de tigres. Eu os achava cruéis, até piores do que os leões.
Estremeci quando olhei novamente para o tigre prateado. Ele parecia estar me observando...
Deixe de ser boba... Está tudo bem. - falei para mim mesma.
Antes de sair passei um pouco de gloss e uma sombra básica.
Peguei minha mochila e fichário e fui para fora. A primeira vez desde que eu havia chegado.
Nos últimos dois dias não fui nem fazer as refeições fora de meu quarto, de modo que eu não conhecera ninguém.
Encolhi os ombros quando os veteranos começaram a me encarar e sussurrar entre si.
Eu sabia que isso iria acontecer! Eu falara para meus pais! Ora, que inferno.
Minhas bochechas estavam coradas enquanto eu me encaminhava para o refeitório para tomar café da manhã.
Mais olhares foram direcionados a mim, mas eu fingi que não percebia.
Entrei no refeitório apinhado de gente e continuei fingindo enquanto eu pegava uma bandeja, uma colher e punha numa tigela um pouco de iogurte de morango e cereal.
Procurei por uma mesa vazia, mas parecia não haver nenhuma! Que ótimo!
Mordisquei o meu lábio inferior. O que eu faria agora? Não podia simplesmente sentar em uma das mesas já ocupadas por diversos grupos já formados.
Eu tinha vontade de largar a bandeja e correr para meu cubículo.
Engolindo em seco me dirigi a um grupo relativamente pequeno.
— Ahn... Com licença... Posso me sentar com vocês? - perguntei.    
— Claro!
Sorri e me sentei ao lado da garota que havia me respondido.
— Qual é seu nome, novata?
— Isabelle... E os seus? - perguntei dirigindo-me para o grupo.
— Eu sô a Danielle. - começo a menina simpática.
— Cameron. - disse um garoto.
 Quando olhei em seus olhos escuros como a meia-noite me imaginei aninhada em seus ombros largos e...
— Eu sou a Jéssica. - uma garota de cabelos curtos disse e eu lhe dei um sorriso.
— Gabriel. - disse outro garoto finalizando o pequeno grupo.
Eu sorri a todos e olhei de lado para o Cameron.
O garoto era lindo!
— Então... De onde você veio? - perguntou-me Danielle.
— Seattle.
— Sempre quis ir lá... - falou Jéssica.
— Por que se mudou para Califórnia? - perguntou Gabriel.
— Meus Pais. – disse e revirei os olhos. - Eles achavam que eu precisava ir para outra escola e amadurecer.
Todos sorriram menos Cameron.
Eu não sabia mais o que falar, então como desculpa dei uma colherada no meu cereal com iogurte.
Estava muito bom.
Meu celular tocou no meu bolso me assustando.
— Droga! - sussurrei.
— Alô?
— Oi, princesa! - disse Bryan.
— Oi.
— Tudo bem?
— Ahn... Sim, tudo ótimo.
— Como vão as aulas?
Com essa eu ri.
— Bobão... As aulas ainda não começaram... Viu que horas são?
— Ops... Acho que me empolguei um pouco.
— Já fez algum amigo? - sua voz demonstrava preocupação?
— Arrã... E ai, como vão as coisas sem mim?
— Não muito bem, todos sentimos sua falta. Embora eu não.
— Ah não? Já me trocou por outra... Talvez uma líder de torcida? - me irritei.
— Não seja boba... Lógico que eu não te troquei por ninguém. Só que... Eu estou te vendo agora... É só por isso.
— Ahn?
— Olhe para trás. – falou Gabriel.
Fiz o que ele disse e pude sentir meu celular escorregando por minha mão e um sorriso se abrindo em meu rosto.
Bryan estava lá.
Seu sorriso branco e caloroso, seus braços fortes para me abrigarem, os olhos castanhos que sempre me demonstravam confiança, as maçãs do rosto coradas por me rever e, por fim... Seu cabelo negro maravilhoso caindo por sobre sua tez.  
Ele veio abrindo caminho pela multidão que pegavam seu requintado café e abriu os braços no exato momento em que não pude mais esperar e pulei para ficar em seus braços.
Assim como era esperado seus braços me abrigaram de forma protetora, meu porto seguro.
Ouvi algumas risadas de meus mais novos amigos, mas não liguei... Bryan estava aqui e agora tudo estava perfeito. Ou quase tudo.
— Ah, que inferno... Sabe Bryan... Precisava me deixar sozinha? - uma voz conhecida estava se aproximando.
— Carina?
— Oi! Como vai minha melhor amiga?
Abri um sorriso maior ainda e me libertei dos braços de Bryan que agora se apresentava para Danielle, Gabriel, Jéssica e Cameron.
— Está tudo perfeito agora! - disse a abraçando.
Carina me soltou e se apresentou para o grupo com quem eu havia criado simpatia.
Todos sorriram para ela e Bryan. Exceto Cameron. Qual era o problema daquele garoto?
— Já tomaram café? - perguntei.
Ambos assentiram.
Mordisquei meu lábio.
Bryan já estava sorrindo. Ele me conhecia muito bem.
Novamente ele abriu seus braços e eu me enrosquei ali.
— Como conseguiram deixar seus pais ficarem convencidos a te deixarem se mudar para cá, afinal Sr. e Sr. Walters não queriam que se formassem lá na escola que estudavam desde que eram recém-nascidos? - tá, exagerei, mas mesmo assim os irmãos sorriram maliciosamente um para o outro.
Ri.
— O que vocês fizeram, suas pestes? – brinquei.
— Fácil. Ficamos enchendo os velhos até eles concordarem.
Ri mais ainda.
Depois que consegui parar de rir, todos começamos a conversar.
Até Cameron entrou na conversa. Ele tinha distúrbio de personalidade múltipla?
Ainda assim, quando nossos olhares se cruzaram, me senti hipnotizada por ele.
Minhas bochechas coraram e eu suspirei.
Novamente a sensação de me aprisionar nas barreiras de seus braços me envolveu.
Cameron desviou o olhar e dirigiu-o para Gabriel, que fez um movimento com a cabeça.
Eu não havia reparado em como Gabriel era belo também.
Sua pele era morena, seus ombros também eram largos e fortes, seus olhos eram de um castanho chocante e seu cabelo tinha mexas naturais, enfim, o garoto era lindo mesmo. Uma beleza diferente da de Cameron.
Fui domada por um déjá vu intenso.
Imagens vieram em minha mente e eu me deixei embarcar por elas. Talvez fosse um sonho? Não, não era sonho...
O sinal tocou anunciando o fim do café da manhã.
— Vamos. – falaram todos em sincronia. Eu nunca pensei que arranjaria amigos logo de cara. Esperava não ser aceita por ninguém, mas ninguém mesmo.
Olhei no meu horário que havia pegado assim que chegara aqui e vi que minha primeira aula era de geometria. Argh! Odiava geometria, era complicada demais.
Suspirei e segui meu grupinho.
— Qual é a sua primeira aula? - perguntou-me Bryan.
— Geometria.
Ele riu de meu tom categórico e depois fez um beicinho.
— A minha é de história americana. - ele franziu o cenho.
— É a mesma aula do Juste. - disse Jéssica com um sorriso malicioso.
— Quem é esse? - perguntou Bryan franzindo o cenho mais ainda.
— Simplesmente, o cara mais gostoso do internato.
Mais gostoso? Não seriam Cameron e Gabriel os mais lindos? Bem, agora tinha meu Bryan... Ele realmente era lindo, sua beleza era apenas um pouco inferior a dos dois.
— Você vai conhecê-lo hoje. - disse Danielle, que estava dando um suspiro.
Arquei uma sobrancelha e tive vontade de rir da cara do Bryan.
Caminhamos pelo campus em direção ao prédio onde seriam as nossas aulas.
— Boa sorte. – falou meu grupo e eu os vi desaparecendo. Apenas Cameron ficou comigo.
— O que... - comecei a perguntar, mas fui interrompida.
— Minha primeira aula também.
Eu o segui para nossa sala.
Ela era simplesmente imaculadamente organizada.
Ergui minhas sobrancelhas, minhas classes em Seattle também eram arrumadas, mas não com tamanha perfeição.
— Cuidado. - sussurrou Cameron.
— Com o que exatamente?
— Juste. Não confie nele, o garoto é perigoso.
Hein?
Apenas assenti, fingindo que alguma coisa que ele disse fizera sentido e fui para um lugar que seria do seu lado.
— Já está ocupado? - perguntei a ele.
Ele negou com a cabeça, mas nem olhou para mim. Seus olhos estavam na porta.
Então ele entrou. Juste.
O garoto era lindo, perfeito... Nada inimaginável.
Seus olhos eram de uma cor avermelhada – minha cor predileta, aliás -, seu cabelo era liso e castanho escuro, quase chegando ao preto. Sua pele era corada. Seu rosto e seu corpo eram perfeitos. Ele não tinha cara de garoto. Homem seria uma descrição mais qualificada. Não... Anjo seria.
Será que morri e fui parar no paraíso? - perguntei a mim mesma.
Percebi que Cameron me encarava preocupado. A sensação de precisar de seus braços ao redor de mim não voltara, não com um Deus encarnado na terra na mesma sala.
Voltei meu olhar para o garoto que me media com os olhos.
Meu rosto estava ardendo, quando nossos olhares se encontraram pareci perceber que meu próprio reflexo se encontravam naqueles olhos vermelhos. Juste parecia me querer.
Agora ele estava se aproximando de mim.
— Olá. Que bom que temos mais uma beldade em nossa turma. - ele disse e acariciou meu rosto. As meninas que estavam próximas a nós suspiraram de inveja.
Alguém limpou a garganta e Juste virou-se para quem havia emitido o som. Cameron.
— Olá, Cameron. Como vai?
— Ótimo... Melhor antes de você aparecer.
Novamente eu me, perguntava qual era o problema daquele garoto?
Juste riu como se Cameron fosse apenas uma criança birrenta.
— Com licença, querida. Tenho que me sentar.
Ele saiu me deixando sem ar.
Cameron emitiu um som frustrado e me virei para olhá-lo.
— Que foi?
— Eu só vou dizer: Fique longe dele. Senão se transforma em um monstro. – ele fez uma pausa e olhou para uma garota. Ela era uma das poucas que não avia suspirado de inveja quando Juste me cumprimentara. - Como aquela garota me transformou. A mim e a Gabriel.
Ergui uma sobrancelha e me virei para olhar a garota.
Assim como Juste, a menina era linda e totalmente perfeita.
— Não deixe que as aparências enganem. - foi o último aviso dele antes de o professor entrar.
— Olá pessoal. Prazer, sou...
A voz do professor ecoava em minha mente vagamente, apenas.
Eu sabia que duas pessoas me encaravam.
Um era Cameron.
O outro era o Juste.
Foi no desejo de seus olhos que me permiti focar, esquecendo da aula, do olhar meio que protetor de Cameron e esquecendo-se que tinha um namorado lindo e amável.
Esquecendo-se que o desejo de seus olhar não era nada bom para mim. Isso eu só ia descobrir daqui a dois dias.
Dois dias para me transformar num monstro sedento de sangue. 

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