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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Capítulo Único

O mar estava calmo, sereno, não está como meus sentimentos, estes estão um turbilhão.
A água gelada batia por meu corpo.
Eu estava encharcada, minhas roupas molhadas, agora estavam pesadas, mas não me importava. Tudo que me importava era ele.
O surfista que – como uma onda – levou meu coração para longe.
Ele não estava aqui hoje, o mar calmo não o atraia.
Talvez ele estivesse por ai, rindo e passeando com outro alguém, alguém que não era eu!
Outra onda bateu em mim e me puxou para longe. Meu corpo não tentou resistir.
Estava cansada de chorar, passara as últimas duas noites me desmanchando em lágrimas. Mas, agora elas cessaram.
Eu não pertencia mais a este lugar. Devia estar descansando, mas não, eu me prendia a este mundo tão doloroso.
Um casal passou por mim, estavam felizes e apaixonados.
As auras deles eram de um tom vermelho, que neste caso, representava paixão.
Eu não tinha aura. A perdera na noite quente de verão em 15 de dezembro de 2.009.
Flashback On
Estava tão feliz nesta noite.
Passeava pelas águas de um mar turbulento, mas estava na beirada, longe de qualquer perigo de ser levada.
Eu olhava uma foto, a foto dele, meu eterno amor.
Ele nem desconfiava de minha existência, mas mesmo assim eu o amava.
Amava-o com todas as minhas forças.
Eu estava distraída, distraí da com meus sentimentos e, então não vi quando eles se aproximaram de mim.
Aqueles estranhos me mataram.
Mataram-me apenas por prazer. Não havia feito nada a eles, mesmo assim me mataram.
Assim que viram o sangue esguichando de meu peito os estranhos riram.
Era isso que eles queriam, se divertir. Mas, a diversão deles era a morte, era ver o sangue vermelho escuro se esvaindo do corpo da vítima.
 Os covardes fugiram quando pensaram que eu estava morta.
Não viram que meu peito ainda se movia.
Passei por mais momentos dolorosos, até que dei meu último suspiro e morri.
Flashback Off
Eu fora brutalmente assassinada.
Hoje se fazia um ano. Um ano de minha morte.
Hoje eu ia me despedir, me despedir deste mundo e, ir descansar em paz.
Ainda tinha foto dele em minhas mãos.
Fechei os olhos com um suspiro e o imaginei em minha frente.
 Seus olhos castanhos, sua boca carnuda, as maçãs do rosto coradas...
Parecia real, embora eu soubesse que não era.
Abri os olhos e a imagem em minha mente desapareceu e em seu lugar eu vi o mar azul e a areia.
Dei uma última olhada na foto e, depois eu a larguei.
Ela foi levada pelo vento e depois caiu nas ondas, que a levaram para longe.
 Preparei para minha partida.
Eu ficava mais transparente a cada vez que me imaginava partindo – não que alguém pudesse ver meu espírito antes, apenas os médiuns tinham esse poder.
Estava pronta agora.
Outra onda bateu e me levou para o infinito.
O surfista que fora meu desejo de uma paixão ficou para trás, tudo ficou para trás.
Embarquei em um mundo onde tudo era paz.
Depois de um ano presa a aquele mundo terreno, eu descansava em paz.
Para sempre.

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